Depois de um semestre de concentração, lições de casa e provas, a recompensa é certeira: férias. A ideia de dormir até tarde e assistir a televisão o dia todo encanta qualquer jovem. No entanto, essas atitudes pesam na balança quando o sedentarismo e a má alimentação se apropriam do período.
Para comprovar a parcela de culpa que esses meses têm no ganho de peso em crianças e adolescentes, a Universidade Estadual de Campinas, no interior de São Paulo, avaliou 400 estudantes entre 10 e 16 anos de idade. O resultado mostra que aqueles com sobrepeso ou obesos mantiveram os quilos a mais. E, desastre, os com o índice de massa corporal (IMC) no patamar ideal exibiram uma massa gordurosa maior na volta às aulas. "A faixa etária mais vulnerável é a dos 10 aos 13 anos", revela Fábio Ferreira, especialista em saúde da criança e do adolescente e autor do trabalho.
Outro achado da pesquisa foi a diferença de distribuição do peso no corpo dos meninos e no das meninas. Nos garotos, a região da cintura foi a mais afetada. "O acúmulo de gordura nessa área pode causar doenças cardiovasculares na vida adulta", lembra Ferreira. Já entre as garotas, se espalhou igualmente pelo corpo.
Para evitar a inflação dos pneus entre os teens, uma das táticas é incentivar brincadeiras físicas de três a sete vezes por semana. A televisão e o videogame são divertidos — não se pode negar —, mas atividades como futebol e dança se encarregam de dois benefícios ao mesmo tempo: o entretenimento e a manutenção do peso. O importante é brincar até cansar.
Mas só o exercício não é suficiente para prevenir a obesidade. A alimentação é o outro pilar que sustenta a saúde e a fisionomia esbelta — e com os jovens não é diferente. "Exceções na hora de comer podem e devem ocorrer, mas, em um período sem rotina rígida, é preciso tomar cuidado para que as indulgências não virem regra", ressalva a nutricionista Ana Lia Haag, do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Um dia na frente da TV e um bocado de salgadinhos estão longe de serem os vilões da história. O problema está no exagero e na constância. Os pais precisam intervir caso percebam que o filho prefere ficar na frente do computador dias a fio a sacolejar o esqueleto ou se está trocando todas as refeições por petiscos muito calóricos. Isso garante que os jovens voltem à escola carregando, como peso extra, apenas a mochila.