quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Como os alimentos influenciam nosso humor


Misturar nutrientes e alegria não é nenhuma piada. Trata-se de um assunto tão sério que já ocupa centros de pesquisas respeitadíssimos ao redor do planeta. Na Grã-Bretanha, por exemplo, há o Food and Mood Institute, ou Instituto da Comida e Humor, na tradução literal, que, por meio de pesquisas de milhões de libras, soma dados e dados a respeito da influência da dieta nos ânimos. 

Aqui no Brasil também existem estudiosos investigando essa história. É o caso da neurocientista Patrícia Brocardo, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que, inclusive, tem trabalhos publicados no periódico científico internacional Neuropharmacology. Não há dúvida sobre a interferência daquilo que comemos nas variações de humor, afirma.

Ingredientes vindos do prato são capazes de modular a fabricação de neurotransmissores. O palavrão ao lado, que não tem nada de divertido, tampouco de saboroso, refere-se a um grupo de substâncias químicas responsáveis pela comunicação das células no nosso cérebro. Para que você se sinta feliz, disposto e tranqüilo, é fundamental que esse grupo desempenhe bem o seu papel e esteja em níveis adequados na massa cinzenta. E são três os principais envolvidos com o alto-astral: serotonina, dopamina e noradrenalina. O professor brasileiro Ivan de Araújo, que trabalha com neurociências na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, explica que o primeiro é derivado do triptofano e os dois últimos são produzidos com a ajuda da tirosina. Não fique zangado com todos esses nomes. Leia as próximas linhas com calma para saber aonde quero chegar. 

Proteínas para sorrir
Pois bem, o desconhecido triptofano pode estar mais perto do que você imagina. Alimentos como o grão-de-bico, a ervilha e os feijões oferecem boas doses dele. Carnes, peixes, ovos, leite e, ufa!, seus derivados também são fornecedores. Dietas recheadas com essas opções garantem serotonina. O triptofano funciona como os tijolos no processo de montagem molecular do neurotransmissor, compara Araújo. O resultado é uma tendência bioquímica a se sentir feliz. Isso porque a sinalização serotonérgica como os especialistas definem a atuação da substância tem tudo a ver com a regulação do humor. Portanto, se faltam fontes de triptofano no prato, abrem-se brechas para que o dia-a-dia seja cinza, sem a menor graça.