domingo, 6 de janeiro de 2013

Crianças sob o sol


Dias iluminados e mais longos, lindas tardes ensolaradas, roupas mais leves e uma deliciosa sensação de prazer e liberdade — esse cenário, combinado com o início das férias escolares, é perfeito para fazer a alegria de meninos e meninas em praias, piscinas, passeios e brincadeiras ao ar livre. Mas para evitar que castelos de areia se desfaçam em vermelhidão, bolhas e outras dores de cabeça, é preciso ficar de olho na fotoproteção dos pequenos. Quanto mais cedo esses cuidados começarem, melhor. 


Apesar de ter a estrutura igual à dos adultos, com a mesma quantidade de camadas, a pele dos bebês é bem mais fina e, consequentemente, muito mais sensível. Além disso, durante o primeiro ano de vida, a produção de melanina, substância que absorve a luz e protege a derme da ação da radiação, não é plena. Por isso, crianças pequenas não têm condições físicas de fi - car expostas ao sol por períodos que não sejam curtíssimos. "Os raios ultravioleta (UV) e o calor encontram menor resistência na pele delas, podendo provocar brotoejas e queimaduras solares intensas", diz o médico Yechiel Moises Chencinski, da Sociedade Brasileira de Pediatria. 



Como os filtros solares não são recomendados até os 6 meses de idade — eis a questão —, até lá o ideal é manter o bebê na sombra, com chapéu de abas largas para proteger completamente a região delicada das orelhas e da nuca. Para completar o visual, as roupinhas devem ser pouco cavadas e com uma trama fechada, que ajuda a barrar a passagem da radiação. "Hoje já existem tecidos tratados com produtos anti-UV", lembra o oncologista Cristiano Horta, do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. 



O importante é saber que, ao introduzir e estimular a fotoproteção durante a infância, cria-se um hábito que vale para a vida toda. Não custa repetir que, embora sejam raros os casos de câncer de pele em crianças, os efeitos da radiação ultravioleta são cumulativos e irreversíveis. No dia a dia dos maiorzinhos, portanto, vale o bom senso: se a criança for passar boa parte do tempo em áreas descobertas, não dá para ficar sem o protetor! "No mínimo, um fator 30", diz a dermatologista pediátrica Nadia Almeida, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. "Antes, teste atrás da orelha ou na dobrinha do cotovelo para detectar possíveis alergias."



Na hora de usar o protetor solar, nada de economia. É preciso passar uma camada generosa antes mesmo de sair de casa porque ele costuma demorar cerca de 20 minutos para fazer efeito. E faça uma verificação completa, como um detetive: orelhas, nuca, peito do pé, nada deve ser esquecido. Lugares em que o sol incide mais perpendicularmente, como o nariz e os ombros, devem receber uma atenção especial. Quando chegar à praia ou à piscina, a gastança do bem continua: independentemente de a criança ter suado ou não, ter entrado na água ou não, reaplique o creme a cada duas ou três horas.