Algumas mães ainda se preocupam com o recolhimento desse produto que foi comercializado por 72 anos e prometia exterminar as cólicas dos pequenos. Os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, afirmam que o registro da fórmula venceu em 2005 e que a renovação foi vetada por dois motivos: além de o fabricante não ter apresentado nenhuma comprovação de eficácia e segurança do remédio, também não cumpriu uma das normas estabelecidas pelo órgão regulamentador - a de que pedaços de plantas não podiam fazer parte da formulação. Assim, em fevereiro deste ano, o fitoterápico foi retirado das prateleiras de farmácias Brasil afora e deixou gerações órfãs de uma solução conhecida e teoricamente bem-aceita. Se você perguntar em casa, sua mãe ou avó provavelmente dirão que se lembram muito bem do momento em que mergulhavam a chupeta em um recipiente cheio desse pó doce - embora a recomendação fosse dissolver o produto em água. E deixavam os rebentos se deliciarem até o choro cessar. "O preparo continha folhas de chicória, raiz de ruibarbo e flores de funcho, além da sacarina, que é um produto artificial e também o responsável pelo sabor adocicado", conta a gastropediatra Cristina Targa Ferreira, do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Agora a Anvisa está exigindo que o laboratório responsável pela fórmula apresente estudos conclusivos quanto aos resultados prometidos. Eles já estão sendo realizados e, daqui a um tempo, pode ser que você reencontre o produto na farmácia - só que, desta vez, cumprindo à risca a programação do rótulo. Um ponto que paira no ar é saber como o fabricante resolverá a questão do excesso de açúcar. "Mesmo que o medicamento volte a ser comercializado, é importante consultar um médico antes de comprá-lo", aconselha a pediatra Patricia Lago, presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul.