Difícil de preparar, gorda e perigosa. É o que você deve ouvir sobre a carne de porco. E não é a única. Uma pesquisa da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (Fearp) da USP mostrou que as razões para o baixo consumo de suínos no Brasil - o menor em comparação com os outros tipos de carne - vão desde questões culturais até cuidados com a saúde e a boa forma. "O consumidor vê o porco como um animal criado no chiqueiro, alimentado de lavagem e cuja carne causa doenças terríveis", diz a pesquisadora na área de carnes Maria Stella Beregeno Lemos de Melo Saab, autora do estudo. "No entanto, pesquisas indicam que a carne suína é a preferida do consumidor brasileiro em termos de sabor." Esqueça os mitos - até porque a produção de suínos passou por avanços tecnológicos - e aproveite para incrementar a sua alimentação.
Saudável, sim!
"Até meados dos anos 50, o produto suíno de maior valor era a banha, e, por isso, criavam-se os animais com alto percentual de gordura", lembra a pesquisadora Maria Stella. "Com a expansão do óleo de soja, a carne passou a ser muito mais valorizada, e a espessura de gordura dos animais diminuiu drasticamente. Fizeram-se pesquisas e hoje diz-se que 'o porco fez regime e virou suíno'." Isso significa que a carne produzida hoje é mais magra do que a consumida na época dos seus avós.
Magra também
Suas maiores preocupações em relação ao consumo são as gorduras e as calorias? "Dependendo do corte e da forma de preparo, ela tem baixa quantidade de gordura e de calorias", afirma a nutricionista Fernanda Giácomo, da FR Nutri Assessoria e Consultoria Nutricional, em Campinas (SP). Existem 15 cortes aprovados pela National Hear Foundation, nos EUA. Os melhores cortes são lombo, paleta e pernil, cujas porções cruas de 100 g têm respectivamente 158, 102 e 137 calorias e 9 g, 2 g e 6 g de gorduras, de acordo com a nutricionista. Apenas para comparar, a mesma quantidade de peito de frango tem 114 calorias e 2 g de gordura; a de filé-mignon contabiliza 193 calorias e 12 g de gordura.
Mais benefícios
E vale lembrar: a gordura, normalmente vista como vilã para a saúde, é necessária em pequena quantidade para a formação de membranas celulares e hormônios. A carne de porco é ainda fonte de proteínas necessárias na reconstituição das fibras musculares e na formação de novas células. É também rica em vitaminas do complexo B, especialmente a vitamina B1 (tiamina), que está relacionada à assimilação dos carboidratos e contribui para o sistema nervoso e neuromuscular, pois participa da transmissão dos impulsos nervosos e atua como bloqueador dos canais de potássio em células nervosas (existe uma bomba de sódio e potássio em nossas células que é responsável pela entrada e saída de substâncias e, consequentemente, pela contração muscular). Tem ainda selênio (antioxidante), zinco (defesa do organismo) e mais ferro (formação dos glóbulos vermelhos) do que a carne de frango. Viu como vale a pena?
Segurança garantida
"Uma das doenças mais associadas ao consumo de carne suína é a cisticercose, que pode ser transmitida por qualquer outra carne", diz Fernanda. "Compre em locais de boa procedência e não consuma carnes cruas ou malpassadas." De resto, tome o mesmo cuidado que você toma com outras carnes: cheque a data de validade, o odor e o aspecto (não leve se estiver acinzentada ou esverdeada) e certifique-se de que a embalagem não tenha suor ou líquido escorrendo). E esqueça aquele papo de que porco é um bicho sujo. "Hoje em dia as granjas onde os animais são criados são extremamente limpas, higienizadas e bem cuidadas para evitar contaminação dos animais e para garantir um produto seguro e saudável para o consumidor final", afirma Maria Stella.
No seu prato
Além de tomar cuidado na escolha do corte, dê preferência a receitas que não agreguem gorduras e calorias, como as fritas em grandes quantidades de óleo ou que levam ingredientes mais pesados, como bacon. "Consumir 100 g até quatro vezes na semana é uma quantidade equilibrada", diz Fernanda.
Fonte: mdemulher.abril.com.br