Ele já estava havia muito tempo com a corda no pescoço. Álcool é seu nome de guerra e, desde os primórdios, tornou-se um fiel companheiro do homem — na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. A amizade, porém, logo foi cercada de suspeitas. Afinal, o ser humano percebeu que, se alguns tragos o conduziam às nuvens, afogar-se no vinho ou em qualquer outra bebida o levava facilmente à ruína. Na berlinda, o álcool que não costuma faltar às festas é o mesmo que tantas vezes foi condenado à forca.
Ironicamente, em tempos de lei seca, a condição 100% marginal da bebida vem sendo questionada pela própria ciência. Não pense, por favor, em uma campanha pela sua absolvição ampla e irrestrita — muito menos ao volante. O fato é que os pesquisadores constatam, depois de experiências sérias, que saborear uma taça de vinho ou refrescar-se com um copo de cerveja — sem perder o controle — pode ser uma boa pedida para quem deseja fazer um brinde à preservação do organismo.
Se deixarmos a hipocrisia de lado, podemos degustar as recentes descobertas sobre o protagonista desta reportagem. Antes de revelá-las, pedimos ao leitor que segure por algumas linhas a sede e preste atenção no recado de Denise De Micheli, professora do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp: "Uma pequena dose de álcool não é prejudicial, desde que não haja gravidez nem problemas como o diabete e doenças do coração". Dado o aviso, vamos bebericar as novidades.
A primeira delas, acredite, se destina ao fígado. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, concluíram: uma taça de vinho por dia impede o depósito de gordura na glândula. E a gordura, como se sabe, limita sua função — um fenômeno que os médicos chamam de esteatose. "Notamos o benefício com o vinho tinto e com o branco", conta o líder da investigação, Jeffrey Schwimmer.
Outra notícia que inocenta doses modestas de álcool vem da Suécia. Uma equipe do Instituto Karolinskaverificou, depois de acompanhar quase 3 mil pessoas, que a ingestão de álcool reduz o risco de artrite reumatóide, uma inflamação constante nas juntas. Para fechar a rodada, novos trabalhos sugerem que um pouco de etanol, ou álcool etílico — assim ele é conhecido no meio científico —, propicia uma proteção cardiovascular. Dois cálices de vinho diariamente seriam suficientes para levantar o astral das artérias. Clique aqui e leia mais sobre esses benefícios.
Se as benesses de uma dose ou outra de cerveja ou cachaça ainda carecem de explicações precisas e consensuais, ao menos os pesquisadores já desbravaram a rota do álcool pelo corpo. Depois de passar pelo estômago e pelo intestino, ele é absorvido, caindo na corrente sangüínea. Daí aporta no fígado, onde é metabolizado. "Ou seja, graças à ação de enzimas, ele se transforma em outros compostos para que o organismo o elimine", traduz Regina Lúcia Moreau, professora de toxicologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.
Dentro do corpo, o etanol muda de nome e de fórmula. Primeiro, ele vira acetaldeído — substância tóxica que provoca alguns sinais indesejados do porre, como náuseas. Em seguida, torna-se acetato. Por fim, após incontáveis reações químicas, converte-se em água e gás carbônico, saindo do corpo pela urina, pelo suor e até pela respiração. "No caso de uma pessoa de 70 quilos, uma lata de cerveja demora de uma a uma hora e meia para ser totalmente metabolizada", calcula Regina. Nessa viagem, cada grama de álcool produz 7 calorias. "Mas são calorias vazias, porque o álcool em si não fornece nutrientes".
Ironicamente, em tempos de lei seca, a condição 100% marginal da bebida vem sendo questionada pela própria ciência. Não pense, por favor, em uma campanha pela sua absolvição ampla e irrestrita — muito menos ao volante. O fato é que os pesquisadores constatam, depois de experiências sérias, que saborear uma taça de vinho ou refrescar-se com um copo de cerveja — sem perder o controle — pode ser uma boa pedida para quem deseja fazer um brinde à preservação do organismo.
Se deixarmos a hipocrisia de lado, podemos degustar as recentes descobertas sobre o protagonista desta reportagem. Antes de revelá-las, pedimos ao leitor que segure por algumas linhas a sede e preste atenção no recado de Denise De Micheli, professora do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp: "Uma pequena dose de álcool não é prejudicial, desde que não haja gravidez nem problemas como o diabete e doenças do coração". Dado o aviso, vamos bebericar as novidades.
A primeira delas, acredite, se destina ao fígado. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, concluíram: uma taça de vinho por dia impede o depósito de gordura na glândula. E a gordura, como se sabe, limita sua função — um fenômeno que os médicos chamam de esteatose. "Notamos o benefício com o vinho tinto e com o branco", conta o líder da investigação, Jeffrey Schwimmer.
Outra notícia que inocenta doses modestas de álcool vem da Suécia. Uma equipe do Instituto Karolinskaverificou, depois de acompanhar quase 3 mil pessoas, que a ingestão de álcool reduz o risco de artrite reumatóide, uma inflamação constante nas juntas. Para fechar a rodada, novos trabalhos sugerem que um pouco de etanol, ou álcool etílico — assim ele é conhecido no meio científico —, propicia uma proteção cardiovascular. Dois cálices de vinho diariamente seriam suficientes para levantar o astral das artérias. Clique aqui e leia mais sobre esses benefícios.
Se as benesses de uma dose ou outra de cerveja ou cachaça ainda carecem de explicações precisas e consensuais, ao menos os pesquisadores já desbravaram a rota do álcool pelo corpo. Depois de passar pelo estômago e pelo intestino, ele é absorvido, caindo na corrente sangüínea. Daí aporta no fígado, onde é metabolizado. "Ou seja, graças à ação de enzimas, ele se transforma em outros compostos para que o organismo o elimine", traduz Regina Lúcia Moreau, professora de toxicologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.
Dentro do corpo, o etanol muda de nome e de fórmula. Primeiro, ele vira acetaldeído — substância tóxica que provoca alguns sinais indesejados do porre, como náuseas. Em seguida, torna-se acetato. Por fim, após incontáveis reações químicas, converte-se em água e gás carbônico, saindo do corpo pela urina, pelo suor e até pela respiração. "No caso de uma pessoa de 70 quilos, uma lata de cerveja demora de uma a uma hora e meia para ser totalmente metabolizada", calcula Regina. Nessa viagem, cada grama de álcool produz 7 calorias. "Mas são calorias vazias, porque o álcool em si não fornece nutrientes".