O leite é essencial em qualquer idade, afirma, contundente, a nutricionista Mariana Del Bosco, de São Paulo. A bebida é uma ótima fonte de proteína a do seu soro reforça as defesas. E, comparado com o cálcio de outros alimentos, como os brócolis, o do leite e de seus derivados é o mais bem absorvido pelo corpo humano. O leite só deve ser evitado em caso de alergias, que são mais comuns na primeira infância, opina Mariana. As reações alérgicas, aliás, tendem a regredir com o tempo. Isso também vale para a intolerância à lactose. Quem sofre do problema, 25% da população, não produz lactase, enzima que quebra esse açúcar. Assim, ele chega intacto ao intestino grosso onde é fermentado por bactérias, diz a nutricionista Adriane Elisabete Costa Antunes. Resultado: gases. O mal-estar, dizem, tem a ver com a herança genética: povos que não domesticavam o gado, como os africanos, têm maior dificuldade com essa enzima. Por fim, o ser humano não é o único mamífero que bebe leite depois de adulto. Um gato crescido, por exemplo, também toma diz. Aliás, o ser humano é o único que come carne cozida ou duas frutas a um só tempo. Usar a comparação com outras espécies para falar do leite seria condenar, com o mesmo argumento, o bife grelhado e uma vitamina batida com laranja.
A ACUSAÇÃO
Já foram estudadas mais de 25 frações protéicas alergênicas no leite de vaca, contra-ataca a nutricionista Denise Carneiro Madi, de São Paulo. A principal vilã dessa história seria a betalactoglobulina, uma proteína que não existe no leite humano. Quando o organismo não digere uma proteína completamente, passa a reconhecê-la como algo estranho, explica a especialista, uma das mais ferrenhas críticas do consumo do alimento. Aí, começa a produzir substâncias para combatê-la. É o início de um processo inflamatório que pode se desenvolver em várias locais do corpo, como estômago, esôfago e até mesmo no ouvido. Se o leite é consumido com freqüência e em grande quantidade, essa inflamação se torna crônica. A histamina, substância liberada nessa situação, dificultaria o trabalho da serotonina, composto por trás da sensação de bem-estar. Com isso, a ansiedade iria às alturas e, para compensar esse quadro, o indivíduo passaria a comer carboidratos no início da noite. Nem mesmo os derivados da bebida escapam da sina. Muito menos os produtos que têm ingredientes lácteos na sua receita. Ou seja, não bastaria deixar de tomar leite. O certo seria abandonar a pizza de mussarela, o cheesebúrguer, o iogurte.