Incansáveis, cientistas mundo afora vivem no encalço de pistas que levem ao tumor de mama. Não à toa. Esse é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres e a segunda maior causa de morte, entre elas, em todo o planeta. A investigação árdua, que não costuma desprezar nenhum indício de perigo, agora aponta o osso da bacia como mais um parâmetro para avaliar a suscetibilidade à doença.
Os desbravadores desse caminho promissor são da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos. Durante oito anos, eles avaliaram a densidade óssea de cerca de 10 mil voluntárias na pós-menopausa. E constataram que as donas de ossos extremamente fortes corriam um risco 25% maior de adoecer. Ou seja, se por um lado até poderiam comemorar a ausência de osteoporose, por outro precisariam ficar ainda mais alertas para o risco do câncer em sua fase silenciosa, isto é, quando não dá sinais visíveis nem é palpável.
Os caçadores de tumor do Arizona não contam por que começaram a suspeitar de um elo entre a bacia e as glândulas mamárias, mas a mastologista Fabiana Makdissi, do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, arrisca uma explicação. "Os principais responsáveis por um esqueleto saudável são o estrogênio e o cálcio, que precisa do hormônio feminino para se fixar. Ossos muito fortes, por sua vez, indicam que o estrogênio não apenas circula em grande quantidade mas também que atua intensamente no organismo. E a exposição ao hormônio, como se sabe, é fator de risco para esse tipo de câncer."
A essa altura, você deve estar traçando a seguinte linha de raciocínio: se o cálcio deixa os ossos duros de roer e se é verdade que um esqueleto em dia pode até predispor à doença, não seria melhor abolir o leite, o queijo e outros alimentos ricos no mineral? Mude o rumo do seu pensamento já! "O mecanismo em discussão é o da retenção de cálcio, e não o da ingestão", tranqüiliza Makdissi.
De qualquer forma, mais estudos são necessários até que esse parâmetro se prove confiável para indicar probabilidade de uma mulher vir a sofrer do mal. "É bom lembrar que a atividade física também fortalece os ossos e jamais será acusada de causar a doença", frisa a radiologista Suzan Goldman, da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp