sexta-feira, 17 de maio de 2013

Vacinas injetáveis contra a poliomielite


O adversário está prestes a ser vencido e, por isso, todo cuidado é pouco para evitar novas ofensivas. Coordenada pelo Rotary International em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Iniciativa Global de Erradicação da Pólio aponta queda de 99%nos casos da doença desde 1998, quando se intensificaram as ações de vacinação. No Brasil, por exemplo, há 24 anos não há registro de ataques do poliovírus selvagem. E a grande responsável por esse controle é a vacina oral (VOP), criada pelo cientista americano Albert Sabin na década de 1950. 
"O baixo custo e a facilidade de administração possibilitaram a imunização de milhões de crianças nas áreas mais remotas do país", lembra Lucia Bricks, diretora de Saúde Pública da Sanofi Pasteur, divisão de vacinas da empresa. Goela adentro, as gotas — que inspiraram o surgimento do personagem Zé Gotinha — estimulam a produção de anticorpos na mucosa da boca e no sistema gastrointestinal. Então, o vírus usado em sua formulação é eliminado pelas fezes, processo que tem a vantagem de "vacinar" indiretamente quem venha a ter contato com ele. 
"O problema é que esse vírus está apenas atenuado, podendo sofrer mutação e tornar a ficar ativo", explica Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. Comisso, há um risco — mínimo, é verdade — de a Sabin causar a doença: em duas décadas, depois de 1,38 bilhão de doses distribuídas em território nacional, 48 casos de paralisia foram associados à vacina. "Se quisermos eliminara pólio de vez, com o tempo temos de migrar para a versão feita com vírus morto", diz Kfouri, referindo-se à vacina injetável (VIP),criada pelo americano Jonas Salk, também nos anos 1950. E essa mudança de estratégia começa a ser adotada no Brasil: em agosto de2012, a defesa que vem na seringa entrou para o nosso calendário oficial. 
Assim como o Brasil, boa parte do planeta felizmente já está na fase final do embate contra a poliomielite, refinando as ações e cortando pela raiz até mesmo a chance ínfima de desenvolver o vírus vacinal. Não é o caso, porém, de baixar a guarda. Na virada para o século 21, por exemplo, a enfermidade recrudesceu em países da Ásia e da África. Reforços nas campanhas de imunização conseguiram refrear os estragos, mas hoje ela permanece endêmica no Paquistão, no Afeganistão e na Nigéria — regiões nas quais as equipes de saúde enfrentam boatos de que as vacinas estariam sendo usadas para espalhara aids ou esterilizar as mulheres.