terça-feira, 14 de maio de 2013

Tratamento de canal menos doloroso que antigamente


Ele está na boca do povo, provocando dores que nem comprimidos de analgésico silenciam. É voar até o consultório e ouvir: "Precisamos tratar o canal". Antes que a vítima rogue pragas imaginando que perderá o dente ou passará por uma sessão de tortura, convém lhe informar que ela vive no século 21 e a endodontia, especialidade focada nas profundezas da dentição, evoluiu bastante. Foi-se o tempo em que resolver um canal demandava três, quatro peregrinações, às vezes dolorosas, até ali. E é no sentido de aprimorar ainda mais os procedimentos e seus resultados que um grupo da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, tem pesquisado as melhores formas de arrematar o suplício. "Queríamos saber qual o tratamento mais eficiente para eliminar a infecção que ataca a polpa do dente", conta o dentista José Freitas Siqueira Júnior, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da instituição. 
Agora, um momento de suspense não proposital. Porque, antes de revelar os achados da equipe de Siqueira, é nosso dever desmitificar o que é o canal. O senso comum prega que é a morte do dente ou a ruína do nervo que mora ali. "O termo se refere, na verdade, a um processo de inflamação e infecção na polpa dentro do dente e que, quando progride, pode levar à morte dessa estrutura e chegar até a raiz", explica Giulio Gavini, professor titular de endodontia da Universidade de São Paulo. 
E como será que as bactérias fariam esse ataque terrorista? "As duas principais causas de canal são a cárie e traumas nos dentes", conta o endodontista Mario Zuolo, da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas. Ou seja, a corrosão gradual ou a destruição das suas camadas externas abrem a brecha para os micróbios tomarem a polpa, cheia de vasinhos e terminações nervosas. "Por causa da inflamação, aumenta a pressão ali dentro, oque comprime o nervo e causa dor", descreve Siqueira. Se o indivíduo demora para ir ao dentista — e não é à toa que até alguns prontos-socorros já dispõem de especialistas —, a contaminação leva à necrose, estágio em que a infecção avança dente abaixo e não raro gera abscessos. Daí os inchaços no rosto.